A bursite trocantérica pode afetar qualquer pessoa, não sendo exclusiva de atletas. No entanto, é mais prevalente entre mulheres, especialmente aquelas que praticam corrida ou estão na meia-idade. É essencial observar os sintomas característicos da bursite: a dor é frequentemente localizada na lateral do quadril, podendo irradiar para a região lateral da coxa.
O que é a Bursite?
A bursite é uma inflamação de uma bursa, que é um pequeno saco preenchido por fluido, localizado em diversas articulações do corpo. Essas estruturas funcionam como almofadas que reduzem o atrito entre ossos e tecidos moles. As bursas mais relevantes estão no ombro, cotovelo, quadril, joelho e calcanhar.
No quadril, o grande trocânter é a proeminência óssea lateral que serve como ponto de apoio para os músculos e sobre a qual o corpo repousa ao dormir de lado. Essa região possui uma bursa que, em algumas situações, pode se irritar e causar a bursite trocantérica.
Sintomas da Bursite do Quadril
O sintoma mais comum é a dor na lateral do quadril, que pode se estender para a parte posterior e inferior da coxa. Nos estágios iniciais, a dor é geralmente aguda e descrita como uma sensação de queimação. Com o tempo, ela pode se tornar mais difusa e intensa, dificultando sua localização exata. Normalmente, a dor piora durante a noite, ao deitar-se sobre o lado afetado, ou ao levantar-se após um período sentado.
Fatores de Risco
Embora possa ocorrer em qualquer pessoa, a bursite do quadril é mais comum em mulheres de meia-idade e idosos. Os principais fatores de risco incluem:
- Esforço repetitivo: Corridas, subir escadas, andar de bicicleta ou permanecer em pé por longos períodos.
- Traumas no quadril: Quedas, batidas em superfícies duras ou deitar-se de um lado por muito tempo.
- Problemas na coluna: Como escoliose ou artrite na coluna lombar.
- Desigualdade no comprimento das pernas: Diferenças superiores a 2 cm podem alterar a marcha e irritar a bursa.
- Artrite reumatóide: Aumenta a propensão da bursa à inflamação.
- Cirurgias anteriores: Procedimentos no quadril ou próteses podem irritar a bursa.
- Esporões ósseos: Depósitos de cálcio nos tendões podem agravar a inflamação.
Diagnóstico
O diagnóstico envolve um exame físico detalhado, buscando áreas de sensibilidade no grande trocânter. Testes adicionais, como raios-X, tomografias ou ressonância magnética, podem ser solicitados para descartar outras condições.
Tratamento Não Cirúrgico
Bursite trocantérica pode ser tratada na grande maioria das vezes com medidas não cirúrgicas e infiltrações. Muitos pacientes com bursite trocantérica também apresentam lesões dos tendões glúteos médio e mínimo. Estas lesões tendíneas podem ser reparadas de maneira endoscópica, da mesma forma que nos reparos dos tendões do ombro. É importante ressaltar que algumas lesões extensas dos tendões glúteos não são reparáveis endoscopicamente, necessitando cirurgias abertas com uso de enxerto e eventualmente transferências musculares.
O manejo inicial costuma incluir:
Uso de bengalas ou muletas: Para aliviar a pressão sobre o quadril.
Mudanças no estilo de vida: Reduzir ou evitar atividades que agravem os sintomas.
Anti-inflamatórios: Uso de AINEs para controlar a dor e a inflamação.
Fisioterapia
A fisioterapia é amplamente utilizada, com exercícios de alongamento e tratamentos como calor ou ultrassom, que podem aliviar os sintomas.
Injeções
Corticóides combinados com anestésicos locais podem proporcionar alívio significativo. Esse tratamento é simples e pode ser realizado em consultórios ou centros especializados. Em alguns casos, pode ser necessário repetir a aplicação.
Nota: Apesar da má fama das infiltrações, quando usadas de forma criteriosa, são altamente eficazes.
Plasma Rico em Plaquetas (PRP)
Para pacientes com tendões enfraquecidos, o PRP é uma opção eficaz. Obtido do sangue do próprio paciente, esse tratamento estimula a regeneração dos tecidos. Geralmente, são necessárias 2-3 aplicações.
Tratamento Cirúrgico
Embora raro, pode ser necessário remover a bursa inflamada por meio de videoartroscopia. Essa técnica minimamente invasiva utiliza pequenas incisões e permite uma recuperação mais rápida e menos dolorosa.
Reabilitação
O período de recuperação varia entre 1 e 2 meses. O uso de bengalas é comum nos primeiros dias após a cirurgia, e a dor geralmente diminui rapidamente.
Prevenção
Para evitar a bursite, recomenda-se:
- Evitar atividades repetitivas que pressionem os quadris.
- Manter o peso adequado.
- Trabalhar na flexibilidade e força dos músculos do quadril.